segunda-feira, 9 de novembro de 2009



Não...

eu me recuso a comer mais um grão que seja
antes de vomitar meu mal estar
Me recuso a estar de olhos secos e empoeirados
se há vida dentro destes globos inertes
se há chumbo nessas artérias de ferro
se a dor
nestas veias abertas
de Américas minhas

Escarafunchado e nu
me refresco agora
e já não é de dor a angústia
Já não é de medo a cautela
e a revolta não é de esperança

é revolta

oh doce modernidade
quanto custa-me viver-te
dividido entre o aqui
e o quem sabe
despedaçado em germe
desconstruindo a verve
da sua aurora
que se esvai
Ao longe
já não se espera o tudo
nem o nada obstante
Caminha-se descalço
com asco do chão
no fio da navalha
no meio fio da vida doida
Sem saber mesmo se vai
ou se vem
sem saber mesmo quem vai
ou quem vem
Sem saber nem mesmo
que rumo irás tomar.