quinta-feira, 2 de julho de 2009

Saiba que quando estiver sozinha
não estará só de verdade
pois me carrega em seus póros
saiba que quando falar de amor
não será mais tão puro
pois já o maculou me pisando
saiba que quando estiver diante da lua
e só tiver as estrelas como telhado
estarei lá como na primeira vez
estarei em cada estrela que nos observava
na grama que nos acolhia na noite clara
em que animalescamente nos amamos
saiba no entanto que não mais serei seu cobertor
talvez tenha até outros mais quentes
mais bem tecidos talvez esteja quente
diferente daquela noite
talvez nem precise de mim
nem de ninguém
talvez nunca tenha precisado
saiba que eu sim precisei
necessitava de cada beijo
cada afago
cada suspiro
cada esperança e quanto mais o tempo passava
mais dependente eu me tornei
da droga do amor
te lembrava ouvindo cartola
cozinhando arroz e tocando gaita
sentia seu cheiro nas flores e nos vasos
te achava no fundo dos meus olhos
quando os fechava
sonhava com seus abraços
e acordava mais feliz
agora ainda que eu saiba de todas as suas linhas e curvas
ainda que eu tenha decorado seus gestos mais sutís
ainda que meus ólhos vertam aguas de saudade
eu os fecho e não te encontro mais
eu te procuro e é como na vida
você fóge do meu acalanto
escorre por entre os dedos
saiba que sou movido e feito
de uma energia que me nega
saiba que você não está mais
no fundo dos meus ólhos
talvez um dia volte a estar
talvez nunca tenha estado.

Arlindo F.

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